Não resisti e, logo no primeiro dia de exibição, fui ao cinema assistir "This is It!
O filme “This is It” começa com a seguinte mensagem: “Estes são registros dos ensaios da turnê de Michael, feitos para acervo pessoal do próprio artista”.
Existem falhas técnicas no filme? Provavelmente sim. Mas quem está preocupado com isso? “This is It” é um registro dos últimos dias de um gênio da musica. Isso sim é muito interessante.
É claro que não existe perfeição técnica, afinal, os registros foram feitos em câmeras diferentes (parte das cenas foram registradas em formato widescreen, usadas no cinema, e outras foram captadas em formato retangular, que rendem imagens na proporção da televisão). Além disso, as imagens captadas vazam, ou seja, os registros não foram feitos com a finalidade de se transformar em um filme.
Questões técnicas a parte, a verdade é que, logo nas primeiras cenas, a genialidade de Michael Jackson supera toda e qualquer questão. “This Is It” comprova mais uma vez que MJ era um talento raro e único.
Logo no começo, o filme mostra o processo de seleção dos 11 bailarinos que acompanhariam MJ nos 50 shows da turnê “This is It” (são nove homens e duas mulheres). Pode parecer piegas, mas e emocionante ver aquelas pessoas comentando sobre o que representaria essa oportunidade de fazer parte da trupe do Rei do Pop.
“This is It mostra” como seriam as coreografias criadas por Michael para o show e mostra os clipes criados em parceria com Kenny Ortega para compor o cenário.
Para “They Don’t Care About Us”, os dançarinos aparecem como robôs, multiplicados aos milhares, resultando em cenas impressionantes! Nos bastidores Michael participa ativamente e indica seu desejo de multiplicar seus robôs em uma proporção sem limites.
”Smooth Criminal” ganhou um clipe com a ousadia que só mesmo MJ poderia ter. Nele alguns trechos do filme “Gilda” (1946) com Rita Rayworth, um dos mais famosos clássicos de todos os tempos. Para este videoclipe, Michael entra no filme como o homem que rouba a luva de Gilda e foge correndo pela cidade. A equipe escolhida por Michael consegue inserir o astro no filme com uma perfeição invejável.
O documentário conta ainda que “Thriller” ganharia uma abertura em 3D, com novos monstros saindo de seus túmulos e fantasmas enormes que iriam pairar sobre as cabeças do publico.
Em “Black Or White” uma jovem guitarrista australiana de 24 anos chamada Orianthi Panagaris vive um momento que dificilmente será superado em sua carreira. Ela, que já tocou com nomes como Prince, Steve Vai, Green Day e Carlos Santana, tem seu momento solo ao lado de Michael, com direito a performance sobre um mega ventilador que dá um clima ainda mais mágico as cenas.
Não tem jeito, assistir “This is It” faz a gente pensar uma vez mais sobre todas as historias estranhas que envolviam Michael Jackson. Mas basta ele entrar no palco e começar a cantar e dançar, para tudo ficar muito pequeno, diante da genialidade do astro. E quando ele fala com a equipe, sempre usando a palavra AMOR, sempre pedindo a Deus que abençoe a todos, ai é difícil não pensar que MJ era uma pessoa cheia de bons sentimentos e boas intenções. Quando reclama de algo, ou pedia que um passo ou uma nota musical fossem mudados, ele sempre fazia questão de dizer: “É por isso que ensaiamos tanto... Falo isso com amor”.
Como explica o diretor Kenny Ortega “This is It” é para ser visto no cinema. O som é impressionante, e as cenas merecem uma tela mais próxima do tamanho do talento da grande estrela do filme.
O saldo que fica é que, mesmo passados mais de 4 meses, e depois de tantas noticias sobre o caso, por alguns instantes é difícil acreditar que Michael Jackson está morto.
Algumas curiosidades sobre diretor, bailarinos e músicos
Kenny Ortega - Diretor
O diretor Kenny Ortega é um capitulo a parte. É fundamental entender quem é esse homem, que não foi escolhido por Michael por acaso. O cara é ninguém menos que o coreógrafo e diretor de “High School Musical”, sucesso produzido pela Disney que virou mania em todo o mundo. Ele assina produções como Dirty Dance (1987), Hannah Montana (2008) , entre muitas outras.
Ortega tem um currículo invejável. Ficou conhecido como o dançarino e coreógrafo que colocou Olivia Newton-John para dançar num ringue de patinação, no filme Xanadu. No mesmo ano ganhou fama mundial como coreografo d o filme Dirty Dancing.
Foi ele quem, em 1985, criou a coreografia do premiadissimo clipe "Material Girl" de Madonna.
Ele já havia trabalhado como Michael na Dangerous World Tour(1992/1993) e History World Tour (1996-1997). Sua amizade com o Rei do Pop vem dos tempos do Jackson 5, como Ortega relembrou recentemente em entrevistas concedidas por conta do lançamento do filme:
"Conheci Michael quando éramos garotos, acho que eu tinha 13 anos, eu estava no elenco de "Oliver" no Circle Star Theatre, San Carlos, na Califórnia. Michael e seus irmãos, os Jackson 5, estavam em uma turnê se apresentando no mesmo lugar... um dia eles estavam passando pelos bastidores, eu disse "oi" e Michael olhou pra mim com um grande sorriso e disse "olá, quem é você? Eu sou o Michael...", eu me lembro da sua graciosidade, ele tinha 17 ou 18 anos... anos depois eu contei pra ele que tivemos aquele encontro..."
Frases de Kenny Ortega sobre Michael Jackson e o documentário “This is It”:
"Michael tinha isso naturalmente, todos os dias ele dizia ‘... faça com amor... fale com amor, com gentileza. Se não puder fazer isso, então não diga nada... '. Ele praticava isso, era amável, generoso, atencioso... uma pessoa com toda essa genialidade e talento, ter tanta graça, tanta gentileza pra pedir as coisas..."
"Não tínhamos medo de dizer 'não' um para o outro, não tínhamos medo de discordar, não era assim que acontecia. Eu nunca disse 'sim' pro Michael se não achasse que era a resposta correta... mas nessa relação Michael era o principal arquiteto e nós éramos como os construtores... as maiores idéias sempre começavam em Michael..."
"Eu acredito firmemente que Michael nasceu com um dom maravilhoso, isso é visível... antes mesmo de trabalhar com as pessoas que o inspiravam e ele já provava como criança o gênio que era... com 7 ou 8 anos ele cantava como uma pessoa de 30 com todo aquele sentimento e técnica... eu realmente acredito que ele nasceu com esse dom... e todo aquele amor com o que fazia... essa combinação fez grande parte do que ele se tornou..."
"Ele queria que os filhos vissem como acontecia o que ele amava fazer, agora que eles já tinham idade suficiente para apreciar... ele queria dar aos fãs uma nova oportunidade de ter aquele cara a cara, aquele encontro artista/público...”
“Ele amava os fãs, os mais fiéis do mundo inteiro... ele também tinha as preocupações ecológicas, ele estava preocupado com o planeta, com o futuro... todas estas mensagens estão no filme, você sente isso... pra mim era importante que no filme, os fãs soubessem o que Michael queria fazer..."
"Ele queria cantar as músicas que os fãs queriam ouvir. Nós colocamos tudo isso na internet, milhões de pessoas responderam, tínhamos um set list e era enorme! Ele teria que se apresentar por cinco horas! Depois fizemos uma seleção, algumas Michael dizia 'veremos', 'vamos ver durante os ensaios."
"Todos os dias de manhã quando acordava eu queria telefonar para o Michael e pedir 'esteja comigo hoje, assista tudo comigo'... eu pensava nos fãs todos os dias... eu queria saber do Michael o que eles precisam, o que eles querem, como poderia fazer desse filme um presente pra eles... ao mesmo sei que Michael diria 'você pode criar para qualquer um, ninguém tem idéias como as suas, então seja bravo, acredite, crie, no final tudo será aceito'... isso foi muito importante pra mim".
"Este é um filme sobre um grande gênio, um homem de muitos talentos, você pode ver o backstage, imagens privadas, você pode entrar no mundo desse grande gênio, assisti-lo no seu último processo criativo, atuando com todos os profissionais envolvidos, interagindo com todos nós..."
"Alguma coisa dentro de mim desvaneceu, eu não estava preparado para aquilo. Foi inesperado. Esta é a notícia mais inesperada e chocante pra qualquer pessoa. Todos ficaram chocados, pensativos pelos corredores... mas, graças a Deus estávamos juntos. Todos o esperavam para os ensaios, e, no final, isto nos ajudou porque pudemos nos confortar uns aos outros".
"Ele adorava trabalhar, estava empolgado com tudo... estávamos no caminho certo, no coração e na mente havia a certeza que iríamos para Londres em oito dias. O show estava sendo finalizado, ele estava realmente feliz com jeito que tudo acontecia".
"Ele estava com a forma que queria estar. Era um cara de 50 anos com um desafio na vida, e ele passou por isso outras vezes, então, o palco era sua segunda casa... Ele nasceu em um caminhão (?), fazia o que ele estava fazendo desde os quatro anos de idade e isso era o que ele queria. Temos que pensar sobre isso, ele dava tudo de si na frente das milhares de cadeiras vazias da arena... poucos olhos viram aquilo..."
“É um privilégio fazer parte do processo criativo de um gênio. Entenderemos os motivos que levaram Michael querer este projeto, por que era tão importante pra ele estar de volta depois de dez anos de ausência. As razões dele, suas mensagens ficam claras, elas vêm do próprio Michael no filme ..."
Timor Steffens - Bailarino
“Todo dia eu penso sobre tudo o que aconteceu, o que experimentei. Aquele foi um momento lindo. Muitas pessoas estão me mandando emails e mensagens dizendo "É uma pena que seu sonho não tenha sido concretizado." Mas sim, meu sonho FOI realizado, eu estive no palco com ele. Aprendi muito com ele. Sobre dança, sobre experiência de vida...tudo”.
Orianthi - Guitarrista
Em sua pagina no My Space, Orianthi escreveu sobre essa experiência: “Quero s agradecer a todo pelas mensagens de apoio. Sou tão agradecida pela oportunidade de tocar guitarra com Michael Jackson. Trabalhar com Michael era uma experiência que mudou minha vida. Eu nunca o esquecerei que pude observar a incrível dança de Michael e vê-lo cantar com a gente durante os ensaios. Ele parecia tão feliz. Era um ícone musical e uma pessoa maravilhosa. E ele nos deixou cedo demais. Eu realmente estou triste pela morte de Michael e envio minhas condolências mais sinceras à sua família! Eu agora preciso de algum tempo para refletir. EM breve mandarei novas noticias”.
Dançarinos no funeral
Os 11 dançarinos que participariam do show ao lado de MJ participaram do funeral do astro com um papel importante. Usando uma roupa cinza, eles participaram do receptivo levando os poucos convidados aos seus lugares.
A foto foi feita pelo estilista Michael Bush e postada em sua pagina do facebook.
Daniel Celebre – Dançarino
Em entrevista concedida após a morte de Michael, Jackson, o dançarino Daniel Celebre contou sobre as ultimas horas que passou ao lado do astro:
“Todas as noites Jackson e os bailarinos se desejavam boa noite. Essa noite não foi diferente: "Sempre nos abraçávamos. Eu disse "Hey Michael, te amo" e ele disse "E eu também, irmão"
Daniel recordou ainda o primeiro dia de ensaio, quando Michael conversou com todos sobre o projeto: "Nos disse que nos levaria a uma incrível aventura ... E o fez"
Foi a última vez que Daniel viu Michael Jackson, 13 horas depois ele estava morto.
O rapaz também relembrou como foi receber a noticia da morte de MJ:
"Estávamos todos sentados no camarim, preparados para começar os ensaios. Eu estava vendo um clipe de Michael fazendo "Ease on Down the Road' de The Wiz no meu computador. "Nunca colocamos a TV, mas Farrah Fawcett tinha morrido. Logo começaram com as notícias sobre Michael... As pessoas corriam pelos corredores gritando. Alguns caiam de joelhos. Todos choravam. TODOS"
Kriyss Grant - Bailarino
Ele conta que toda a carreira foi inspirada por Michael Jackson. Com apenas 6 anos de idade, ele começou realmente a idolatrar Michael. Se trancava em seu quarto para assistir seus vídeos e aprender a dançar.
"Eu estava lá e experimentei o que eu experimentei, então eu quero vê-lo sozinho. As pessoas vão estar me vendo assistindo ele. Eu posso esperar para o DVD."
"Eu não sei. Eu tenho emoções misturadas sobre isso", diz Grant, um dos 12 bailarinos que deviam ter aparecido atrás de Jackson, em Londres. "Era supostamente para ser uma tour. Mas acabou sendo um filme ".
"Algumas crianças queriam ser um Power Ranger ou uma figura de ação. Eu queria ser o Michael. Todo mundo me chamava de ‘o garoto Michael Jackson’.”
Sobre a notícia da morte de MJ: "Eu não gosto de falar sobre isso. Nós sentimos que ele tinha ido embora. Você sabe como é quando alguém morre. Todo o Staples Center sentiu como se houvesse um fantasma ali".
Sobre o filme: "Michael não gostaria que seus ensaios fossem mostrados. Ele não gostaria de mostrar o processo. Ele queria que as pessoas vissem o produto acabado. Só espero que o filme mostre o Michael real, e não seja lançado apenas para ganhar dinheiro. Espero que seja balanceado e faça as pessoas entenderem, sentirem o que nós sentimos... Nele, você vai ver todo o seu envolvimento. Ele estando no comando."
Shannon Holtzapffel, 24 anos, bailarino:
“A aventura toda foi especial para mim, foi um sonho. Eu danço por causa dele. Ele dizia ‘obrigado’, ‘deus te abençoe’, ‘eu te amo’. Só de ouvir isso... Ele realmente gostava de cada um de nós e nos escolheu para ser a sua família.”
“Trabalhávamos seis dias por semana, oito horas por dia. Nas primeiras semanas ele nos deu bastante espaço e tempo para aprender as coreografias. Ele queria muito que nos sentíssemos confortáveis. E, quando nos reunimos, foi realmente mágico. Quando fui dançar pela primeira vez com ele, havia um ponto de luz vindo do teto, e Michael ficou bem abaixo dele. Eu fiquei pensando ‘quem é esse cara’? Uma vez que começamos a dançar, eu simplesmente me esqueci de tudo o que tinha aprendido. Fiquei olhando para ele, hipnotizado. Estar com Michael era inacreditável.”
“Ele sempre dizia ‘oi’ e ‘tchau’, sempre nos abraçava, mesmo quando apertávamos as mãos. Ele queria que fôssemos uma família, isso é o que o tornava tão especial. Ele tinha muito amor para dar a todos nós, e nos respeitava muito. Foi por isso que ele nos escolheu, ele apreciava nosso trabalho e o que acrescentávamos ao espetáculo.”
“Era incrível vê-lo dirigir a apresentação. Ele realmente sabia o que queria. Era muito mais inteligente e esperto do que as pessoas acham. Se você parar para pensar, Michael sabia tudo sobre a indústria. Era um gênio do entretenimento.”
Nick Bass – Dançarino
Trabalhou com Janet Jackson, e grandes nomes como Justin Timberlake e Beyonce.
Darryl Phinnessee – vocais
É autor da musica tema da serie Frasier, da NBC. Ganhou vários prêmios por este trabalho. Tem canções suas gravadas por nomes com Rod Stewart e Stevie Wonder, entre outros.
Ken Stacey – vocais
Trabalhou com artistas como Phil Collins, Natalie Jackson e Elton John, entre outros.
Tommy Organ - Guitarrista
Tocou com artistas como Lionel Richie, Ray Charles, Snoop Dogg, Beyonce, Janet Jckson, Usher e Aaron Carter, entre outros.
" Meus amigos me ligam para perguntar 'Michael estava doente? Estava fraco?' - doente? É exatamente o contrário disso".
"Ele estava cheio de energia, feliz. Estava inclusive mais brincalhão do que o normal nos ensaios", destacou, acrescentando que Jackson sequer aparentava seus 50 anos.
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