Chuva deixa seis mortos e gera caos em São Paulo

Choveu na Grande São Paulo de segunda-feira para ontem quase metade dos 202 mm esperados em dezembro todo. Pela segunda vez em três meses, a calha concluída para conter as enchentes do Tietê foi insuficiente e provocou contratempos

A maior chuva em dois anos deixou seis pessoas mortas e pelo menos mil desabrigados na Grande São Paulo. Entre 10 horas de segunda-feira e 10 horas de ontem, a precipitação no mirante de Santana, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi de 99,7 milímetros, quase metade dos 202 mm esperados para dezembro todo. A explicação meteorológica para tal fenômeno foi a chamada chuva frontal, resultante do encontro de uma massa de ar frio e seco que encontra uma massa de ar quente e úmido.

Com o recorde do ano, toda a capital ficou em estado de atenção das 3h14min às 15h25min de ontem. Além do transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros, houve o extravasamento do córrego Três Pontes, em Itaim Paulista, e do ribeirão dos Meninos, no limite de São Paulo com o município de São Caetano do Sul. A lentidão no tráfego de veículos chegou a 128 quilômetros no pico da manhã. Houve 105 pontos de alagamento na capital, 26 deles ficando intransitáveis.

As pessoas foram ilhadas em estações de trem, metrô, pontos de ônibus e antes mesmo de sair de casa. Mulheres andaram com o sapato de salto nas mãos, homens amarraram sacos plásticos nas pastas, motoboys, acostumados com desafios, tentavam, mas nem sempre conseguiam, vencer as águas que tomaram as vias. A capital brasileira que tem fama de acordar cedo precisou adiar o início do expediente para as 13 horas em muitos locais.

Pela segunda vez em três meses a calha bilionária, concluída há quatro anos para conter as enchentes do rio Tietê, mostrou-se insuficiente. Para especialistas, a falta de manutenção e de investimento a fim de finalizar o projeto, que já custou mais de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos, levaram ao transbordamento do rio. No primeiro pronunciamento oficial sobre os estragos, porém, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) ainda tentou negar que a chuva tenha causado muitos transtornos à cidade. ``Não foi o caos, a chuva foi muito intensa``, afirmou. Uma frente fria provocou chuvas moderadas e persistentes desde segunda-feira sobre o Estado de São Paulo e, principalmente, na faixa Leste do Estado, que inclui a capital. De acordo com imagens de satélite meteorológico artificial, a frente fria já começa a deslocar-se, deixando uma condição mais favorável para a Região Metropolitana.

A mudança na direção dos ventos diminui o risco de chuvas intensas. Nesta quarta-feira, o mesmo sistema frontal que atingiu São Paulo estaciona na altura de Minas Gerais, mas permitindo ainda que a Grande São Paulo receba pancadas com menor volume.

Segundo a Climatempo, no entanto, há possibilidade de muita chuva hoje no litoral norte, no vale do Paraíba e na serra da Mantiqueira, na divisa com Minas Gerais. O tempo continuará chuvoso amanhã no vale do Paraíba e no litoral Norte. (das agências de notícias)