quarta-feira, 14 de abril de 2010

Furtos e acúmulo de lixo no Beco da Poeira

O Beco da Poeira foi cenário de furtos. Após a transferência dos permissionários, o lixo tomou conta dos corredores do local
À medida que adiantava os passos, mais difícil era para Roberto Araújo acreditar no que via. Do cenário do que até na semana passada foi o local de trabalho, ele sentenciava que ``virou uma pilha de lixo``. Sob os pés, estavam caixas de sapatos, papelões, plásticos, pedaços de roupa, restos de papel, lixo, jornais, ferros, todos submersos por uma lama pegajosa. Em praticamente toda a extensão do Beco da Poeira, no Centro, escorria a sujeira. A mãe, Maria Ferreira, estava doente e somente ontem a família pode verificar o que de fato havia acontecido. O homem reclamava do furto no box. Nele, se vendia artigos infantis, como roupas e calcinhas. Ao chegar à manhã de ontem, o box estava arrombado e sem nada dentro.

"Vai ser o mesmo que apanhar de cassetete. Acabar com tudo logo``, respondia Roberto, com a voz embargada, à pergunta sobre as expectativas sobre o novo espaço que a Prefeitura disponibilizou para os 2.030 permissionários cadastrados. ``O tamanho (do box no Centro de Pequenos Negócios - CPN) é bem miudinho. Só cabe uma pessoa dentro. Se entrar outra, a primeira tem que sair``, completa.

Desde sábado, a Prefeitura Municipal coordena a transferência dos vendedores do Beco da Poeira. A mudança durou até segunda. Ontem, já era possível verificar um cenário de desolação. O maior comércio popular de Fortaleza se transformava em grande caldeirão de entulhos depositados nos seus becos.

Catadores de lixo separavam o que ainda servia para a reciclagem daquilo que os permissionários haviam deixado no chão. Fernando Glauber, 20, recolhia ferros em diversos tamanhos, segundo ele, ``só miúdos``. Homens retiravam pedaços do teto de alumínio, deixando um grande pedaço descoberto. Enquanto isso, policiais militares faziam guarda no lado da avenida Tristão Gonçalves, mas o acesso era completamente livre ao lado da rua 24 de Maio.

Arlúcio Ferreira aproveitava o tempo para trabalhar. Vendia artigos esportivos do lado de fora do beco. ``Como vou ficar sem trabalhar quatro dias? Pagamos e não temos direito a nada? A um box véi daquele tamanho?``, criticava, referindo-se ao CPN. Ele questiona o método usado pela Secretaria Executiva Regional do Centro. ``Se ainda não estivesse pronto o local, que esperasse para transferir``, conta.

Sentado no canto, reparando o movimento, o vendedor Célio Ângelo, permissionário há 13 anos, reconhece a necessidade da transferência, mas não da maneira como aconteceu. ``O que levou uma vida toda para construir, destruíram em três dias``, interpreta.

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