quarta-feira, 14 de abril de 2010

Médicos suspendem cirurgias

Os cirurgiões suspenderam ontem as cirurgias eletivas realizadas no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Eles reivindicam atualizações na tabela de preços de cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS)

Dos médicos cirurgiões do Hospital da Santa Casa de Misericórdia paralisaram as atividades durante todo o dia de ontem. Nenhuma das cirurgias eletivas & procedimentos marcados com antecedência & foram realizadas na unidade de saúde. Os cirurgiões reivindicam uma atualização no preço das cirurgias, padronizados pela tabela nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, de acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), médico José Maria Pontes, uma cirurgia na Santa Casa custa, em média, R$ 79.

"As taxas do SUS estão congeladas``, enfatizou. Segundo o médico, os cirurgiões pedem que os valores cobrados pelo SUS se aproximem dos preços da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), tabela que rege o valor dos procedimentos médicos pagos pelos planos de saúde. A categoria sugere que, na Santa Casa, o preço de cada cirurgia seja tabelado pelo valor da CBHPM menos 40%. ``Queremos apenas uma adaptação. Não dá pra continuar do jeito que está``, destacou o médico.

Mesmo concordando com as reivindicações dos cirurgiões, o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Alexandre Mont-Alverne, afirmou que o Município não possui recursos para reajustar o valor pedido pelos médicos. Ele explicou que as taxas do SUS são unificadas nacionalmente e, para complementar o valor, que o secretário considera baixo, o Município repassa uma verba específica para isso. ``Nós temos que fazer isso com recursos próprios. E o Município não tem``.

Segundo Mont-Alverne, a secretaria já apresentou uma proposta de complementação, em torno de 30 % do valor que os médicos recebem atualmente, mas a proposta não foi aceita por eles. ``O valor que eles estão pleiteando representa 189%. É inviável``. A alternativa encontrada pelo Município para tentar resolver a questão do pagamento das cirurgias dos médicos, de acordo com o secretário, foi pedir auxílio ao Estado.

De acordo com o secretário estadual da Saúde, Arruda Bastos, o Governo do Estado, desde o ano passado, tem apoiado a Santa Casa com verbas destinadas à reforma e à compra de equipamentos. Ele informou que mais recursos poderão ser repassados à unidade de saúde, pois existe a proposta de transformar o hospital em um ponto estratégico para atendimento de pacientes do SUS.

Apesar do possível repasse de verbas, ele esclareceu que isso não é exclusivamente para resolver o problema dos médicos. ``Eu não estou direcionando o apoio ao hospital só para esse problema. Parte desses recursos eles podem utilizar para resolver isso, mas outras prioridades também serão contempladas, como melhorias na estrutura``, frisou.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, José Maria Pontes, as cirurgias que deveriam ter sido realizadas ontem & cerca de 45, a maioria de câncer & vão ser feitas sem prejuízo para os pacientes. ``É claro que acaba atrasando tudo, mas vamos programar para que todas sejam realizadas``. Ele informou ainda que, caso o problema da atualização dos valores pagos em cirurgias não seja resolvido, os médicos que atuam na Santa Casa podem chegar se descredenciar do SUS. ``Se não fizerem nada, vamos nos descredenciar. E aí? As pessoas vão morrer``, questionou.


EMAIS

- De acordo com o provedor do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, Luiz Marques, ``a reivindicação dos médicos é mais do que justa``. Ele questionou apenas a paralisação dos serviços. ``Ainda bem que eles decidiram paralisar só por um dia``, completou. O provedor espera que haja uma negociação entre os médicos e a SMS que atenda os cirurgiões e seja suportável pelo Município.

- O titular da Secretaria Estadual da Saúde, Arruda Bastos, concorda que é necessário um reajuste na tabela do SUS. Enquanto isso não ocorre, ele garante que o Governo tem se empenhado em cobrar a ampliação de recursos para hospitais.

- Os servidores da Sociedade de Assistência Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Sameac) estão em greve desde ontem por tempo indeterminado.

- De acordo com a secretária geral do Sindicato dos Empregados dos Serviços de Saúde do Ceará (SindSaúde), Marta Brandão, os servidores optaram pela greve, diante da negação da administração da Sameac em negociar o reajuste salarial pedido pela categoria.

- Ela explicou que os servidores propuseram um aumento de 20% no salário e uma atualização no valor do ticket refeição, que passaria do valor atual de R$ 8,50 para R$ 12, 50.

- No entanto, segundo a secretária geral, a diretoria da Sameac propôs um aumento de 4,73%, que é equivalente a inflação anual, e um ajuste de R$ 0,39 no valor do ticket refeição.

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