Dos médicos cirurgiões do Hospital da Santa Casa de Misericórdia paralisaram as atividades durante todo o dia de ontem. Nenhuma das cirurgias eletivas & procedimentos marcados com antecedência & foram realizadas na unidade de saúde. Os cirurgiões reivindicam uma atualização no preço das cirurgias, padronizados pela tabela nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, de acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), médico José Maria Pontes, uma cirurgia na Santa Casa custa, em média, R$ 79.
"As taxas do SUS estão congeladas``, enfatizou. Segundo o médico, os cirurgiões pedem que os valores cobrados pelo SUS se aproximem dos preços da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), tabela que rege o valor dos procedimentos médicos pagos pelos planos de saúde. A categoria sugere que, na Santa Casa, o preço de cada cirurgia seja tabelado pelo valor da CBHPM menos 40%. ``Queremos apenas uma adaptação. Não dá pra continuar do jeito que está``, destacou o médico.
Mesmo concordando com as reivindicações dos cirurgiões, o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Alexandre Mont-Alverne, afirmou que o Município não possui recursos para reajustar o valor pedido pelos médicos. Ele explicou que as taxas do SUS são unificadas nacionalmente e, para complementar o valor, que o secretário considera baixo, o Município repassa uma verba específica para isso. ``Nós temos que fazer isso com recursos próprios. E o Município não tem``.
Segundo Mont-Alverne, a secretaria já apresentou uma proposta de complementação, em torno de 30 % do valor que os médicos recebem atualmente, mas a proposta não foi aceita por eles. ``O valor que eles estão pleiteando representa 189%. É inviável``. A alternativa encontrada pelo Município para tentar resolver a questão do pagamento das cirurgias dos médicos, de acordo com o secretário, foi pedir auxílio ao Estado.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, Arruda Bastos, o Governo do Estado, desde o ano passado, tem apoiado a Santa Casa com verbas destinadas à reforma e à compra de equipamentos. Ele informou que mais recursos poderão ser repassados à unidade de saúde, pois existe a proposta de transformar o hospital em um ponto estratégico para atendimento de pacientes do SUS.
Apesar do possível repasse de verbas, ele esclareceu que isso não é exclusivamente para resolver o problema dos médicos. ``Eu não estou direcionando o apoio ao hospital só para esse problema. Parte desses recursos eles podem utilizar para resolver isso, mas outras prioridades também serão contempladas, como melhorias na estrutura``, frisou.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, José Maria Pontes, as cirurgias que deveriam ter sido realizadas ontem & cerca de 45, a maioria de câncer & vão ser feitas sem prejuízo para os pacientes. ``É claro que acaba atrasando tudo, mas vamos programar para que todas sejam realizadas``. Ele informou ainda que, caso o problema da atualização dos valores pagos em cirurgias não seja resolvido, os médicos que atuam na Santa Casa podem chegar se descredenciar do SUS. ``Se não fizerem nada, vamos nos descredenciar. E aí? As pessoas vão morrer``, questionou.
EMAIS
- De acordo com o provedor do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, Luiz Marques, ``a reivindicação dos médicos é mais do que justa``. Ele questionou apenas a paralisação dos serviços. ``Ainda bem que eles decidiram paralisar só por um dia``, completou. O provedor espera que haja uma negociação entre os médicos e a SMS que atenda os cirurgiões e seja suportável pelo Município.
- O titular da Secretaria Estadual da Saúde, Arruda Bastos, concorda que é necessário um reajuste na tabela do SUS. Enquanto isso não ocorre, ele garante que o Governo tem se empenhado em cobrar a ampliação de recursos para hospitais.
- Os servidores da Sociedade de Assistência Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Sameac) estão em greve desde ontem por tempo indeterminado.
- De acordo com a secretária geral do Sindicato dos Empregados dos Serviços de Saúde do Ceará (SindSaúde), Marta Brandão, os servidores optaram pela greve, diante da negação da administração da Sameac em negociar o reajuste salarial pedido pela categoria.
- Ela explicou que os servidores propuseram um aumento de 20% no salário e uma atualização no valor do ticket refeição, que passaria do valor atual de R$ 8,50 para R$ 12, 50.
- No entanto, segundo a secretária geral, a diretoria da Sameac propôs um aumento de 4,73%, que é equivalente a inflação anual, e um ajuste de R$ 0,39 no valor do ticket refeição.
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