Relatório encaminhado à Procuradoria Geral da República inclui Metrofor em lista de 14 obras das quais a empreiteira Camargo Correa participa e que apresentam problemas na liberação de recursos
O Ministério Público Federal, que atua no estado de São Paulo, enviou à Procuradoria Geral da República, em Brasília, um pedido de abertura de investigação sobre a construção do Metrô de Fortaleza (Metrofor). O Metrofor é uma das 14 obras executadas pela construtora Camargo Corrêa em que o MP aponta a existência de possíveis irregularidades, envolvendo, inclusive, a participação de parlamentares, membros do poder executivo e técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria da República em São Paulo, no caso do Metrofor foi indicada a possível participação de um deputado federal e de um senador do PCdoB. Os nomes, porém, não foram divulgados sob o argumento de que o caso ainda está em fase de investigação. Os parlamentares envolvidos no caso teriam recebido dinheiro da Camargo Corrêa entre os anos de 1995 e 1998. Nesse período, Inácio Arruda, que atualmente é o único senador do PCdoB em todo o Brasil, exercia seu primeiro mandato de deputado federal. Inácio não foi localizado, por telefone, na tarde e noite de ontem. Ele não atendeu às chamadas feitas pelo O POVO. Sua assessoria de imprensa informou apenas que o senador considerou ``incorreta`` e ``irresponsável`` as informações divulgadas pelo Ministério Público de São Paulo. Os nomes dos parlamentares constam em uma planilha apreendida em maio desse ano pela Polícia Federal (PF), na operação Castelo de Areia, que já resultou em denúncias contra executivos da Camargo Corrêa por desvio de recursos público através superfaturamento em obras. Os nomes aparecem ao lado de valores, alguns em reais e outros em dólares, que teriam sido pagos aos parlamentares. Os valores dos pagamentos não foram revelados nem pelo Ministério Público nem pela Procuradoria da República de São Paulo. A procuradora da República responsável pelo caso, Karen Louise Jeanette Kahn, disse, através da assessoria de imprensa, que não falaria à imprensa sobre o assunto. Reação Ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado estadual Lula Morais saiu em defesa de Inácio e do PCdoB. Ele afirmou que seu partido não tem envolvimento no caso e argumentou que, no período de 1995 a 1998, Inácio ainda não era senador. ``Nesse período em que ocorrem esses pagamentos, 1995 a 1998, quem governada o Ceará e o Brasl era o PSDB. Nós éramos oposição e não comandávamos os grandes projetos do Ceará``, disse Morais, na tarde de ontem, em entrevista ao O POVO. À noite, o PCdoB divulgou uma nota repudiando a forma como a informação foi divulgada pelo Ministério Público de Sã Paulo.
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