Os jovens estão mais místicos, mas definem sua religiosidade com liberdade e sincretismo.
Você acredita em Deus? O Instituto de Estudos da Religião (Iser) fez essa pergunta a 800 brasileiros com idade entre 15 e 24 anos e 98% deles responderam sim. Trata-se de uma maioria acachapante, capaz de desarmar qualquer ceticismo em relação à religiosidade dessa geração. Talvez o correto seja dizer "espiritualidade", pois a fé é hoje muito mais uma questão de escolha pessoal do que era nos tempos do vovô, quando a garotada ia à igreja por imposição familiar e social. Os jovens hoje elegem a própria fé. "Como a decisão é deles, a religiosidade dessa geração tende a ser muito mais forte que nas décadas passadas", diz a antropóloga Regina Novaes, do Iser. Entre os que seguem alguma religião, 33% escolheram por decisão pessoal, independentemente da preferência familiar. Tanto é assim que dois em cada dez mudaram de religião ao menos uma vez.
Boa parte dos teens está olhando para a religião como se estivesse diante de uma prateleira de supermercado. "É como um serviço self-service, em que a pessoa escolhe a que mais a atrai", define Mário Sérgio Cortella, professor do departamento de teologia e ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Os teens sentem-se à vontade para experimentar. Eles acreditam em Cristo, nos orixás e até em duendes, tudo ao mesmo tempo. Sobra ainda espaço para a proliferação de crenças alternativas, cujo maior atrativo é o inusitado, como cura por cristais, invocação de anjos e bruxaria.
É curioso que isso esteja ocorrendo com os filhos de uma geração que, trinta anos atrás, fugiu da religião institucionalizada. O movimento atual é no sentido inverso, com o aumento nas hostes de fiéis. Metade dos freqüentadores dos cultos evangélicos tem menos de 24 anos. Missas católicas são agora animadas em ritmo de rock, tecno e rap. Há igrejas neopentecostais criadas especialmente para fiéis mais jovens. Uma delas, a Bola de Neve, usa uma prancha de surfe como altar. A tolerância religiosa é uma das características bem-vindas dos novos fiéis. Nesse aspecto, o budismo, que não exige exclusividade de seus praticantes, tornou-se a opção preferida de quem deseja freqüentar mais de uma religião ao mesmo tempo.
Uma das características da religião é promover a integração social. Rapazes e moças vão à igreja ou ao templo e lá conhecem outros adolescentes que pensam como eles. Assim, formam grupos. Assistem aos cultos juntos, saem à noite, viajam. O lazer fica associado à religiosidade. "A maioria de meus amigos é daqui", diz a estudante paulista Ana Teresa Santos Cavalcante, de 17 anos, que freqüenta a igreja evangélica Bola de Neve. "Gostamos das mesmas coisas, fazemos os mesmos passeios, por isso nos damos tão bem", afirma ela.
Boa parte dos teens está olhando para a religião como se estivesse diante de uma prateleira de supermercado. "É como um serviço self-service, em que a pessoa escolhe a que mais a atrai", define Mário Sérgio Cortella, professor do departamento de teologia e ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Os teens sentem-se à vontade para experimentar. Eles acreditam em Cristo, nos orixás e até em duendes, tudo ao mesmo tempo. Sobra ainda espaço para a proliferação de crenças alternativas, cujo maior atrativo é o inusitado, como cura por cristais, invocação de anjos e bruxaria.
É curioso que isso esteja ocorrendo com os filhos de uma geração que, trinta anos atrás, fugiu da religião institucionalizada. O movimento atual é no sentido inverso, com o aumento nas hostes de fiéis. Metade dos freqüentadores dos cultos evangélicos tem menos de 24 anos. Missas católicas são agora animadas em ritmo de rock, tecno e rap. Há igrejas neopentecostais criadas especialmente para fiéis mais jovens. Uma delas, a Bola de Neve, usa uma prancha de surfe como altar. A tolerância religiosa é uma das características bem-vindas dos novos fiéis. Nesse aspecto, o budismo, que não exige exclusividade de seus praticantes, tornou-se a opção preferida de quem deseja freqüentar mais de uma religião ao mesmo tempo.
Uma das características da religião é promover a integração social. Rapazes e moças vão à igreja ou ao templo e lá conhecem outros adolescentes que pensam como eles. Assim, formam grupos. Assistem aos cultos juntos, saem à noite, viajam. O lazer fica associado à religiosidade. "A maioria de meus amigos é daqui", diz a estudante paulista Ana Teresa Santos Cavalcante, de 17 anos, que freqüenta a igreja evangélica Bola de Neve. "Gostamos das mesmas coisas, fazemos os mesmos passeios, por isso nos damos tão bem", afirma ela.
Filhos antes da hora
A gravidez indesejada na adolescência atrapalha os estudos e pode frustrar os planos para o futuro
A gravidez na adolescência é um desastre na vida de qualquer menina. Uma jovem que tem seu bebê aos 16 anos se vê com a tremenda responsabilidade de ser mãe numa época em que deveria estar se preparando para o vestibular e dando os primeiros passos rumo à carreira profissional. Há um paradoxo aí, que só os hormônios em ebulição e a impetuosidade natural da idade podem explicar. Nunca uma geração esteve tão bem informada sobre métodos anticoncepcionais e consciente da necessidade de se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.
O índice de jovens que dizem só transar de camisinha chegou a 90% numa pesquisa realizada pela Unesco, que ouviu 16 000 estudantes de catorze capitais brasileiras. Mas essa taxa cai drasticamente quando o namoro fica sério. Só dois em cada dez continuam a usar o preservativo com a assiduidade dos primeiros tempos. Daí à gravidez indesejada basta um vacilo.
Qual a responsabilidade dos pais dos adolescentes numa situação como essa? Da mesma forma que não há uma fórmula mágica para garantir que os filhos serão pessoas felizes e bem-sucedidas, não há receita de como prepará-los para a chegada precoce de um bebê. Quando ocorre a gravidez inesperada, não adianta pressionar os jovens nem pensar em obrigá-los a casar. A decisão de levar adiante ou não o relacionamento deve partir do casal. Mas o apoio dos adultos é um fator decisivo para o jovem assumir ou não a criança.
O índice de jovens que dizem só transar de camisinha chegou a 90% numa pesquisa realizada pela Unesco, que ouviu 16 000 estudantes de catorze capitais brasileiras. Mas essa taxa cai drasticamente quando o namoro fica sério. Só dois em cada dez continuam a usar o preservativo com a assiduidade dos primeiros tempos. Daí à gravidez indesejada basta um vacilo.
Qual a responsabilidade dos pais dos adolescentes numa situação como essa? Da mesma forma que não há uma fórmula mágica para garantir que os filhos serão pessoas felizes e bem-sucedidas, não há receita de como prepará-los para a chegada precoce de um bebê. Quando ocorre a gravidez inesperada, não adianta pressionar os jovens nem pensar em obrigá-los a casar. A decisão de levar adiante ou não o relacionamento deve partir do casal. Mas o apoio dos adultos é um fator decisivo para o jovem assumir ou não a criança.
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